27.11.08

Vale a pena ler

A Revista Carta Capital desta semana traz a matéria de capa sobre o problema das montadoras que está sendo discutido aqui no blog nos últimos posts. Traça um histórico desde o início do fordismo até a crise. Infelizmente, não dá pra ler a reportagem inteira online, mas recomendo a quem queira comprar na banca. Segue abaixo um trecho interessante, sobre a postura das empresas americanas quanto ao desenvolvimento de produtos mais econômicos durante os anos 90.
Depois do susto dos dois primeiros choques do petróleo, os anos 90, após o colapso da União Soviética e a Guerra do Golfo, viram uma queda drástica dos preços das commodities e dos combustíveis. A Europa e o Japão sabiam que isso não duraria para sempre e continuavam a incentivar a racionalização do consumo de energia, taxando os combustíveis e apoiando a pesquisa que levou aos motores híbridos gasolina-elétricos. Já a indústria dos EUA negou as evidências de desacelerar o aqueciemento global pela diminuição do consumo e da iminente escassez de petróleo para voltar-se ao que sabia fazer melhor, o desperdício. Inventou o mercado de utilitários esportivos (SUVs), desdenhou os híbridos e voltou a elevar o consumo médio por quilômetro dos veículos, que caíra nas décadas anteriores.

Robert Lutz, que já trabalhou nas três montadoras de Detroit e hoje é vice-presidente de Desenvolvimento de Produtos da GM, disse a jornalistas que a teoria do aquecimento global "não passa de um pote de m...". Seu blog ridicularizou as políticas em favor dos veículos menores e mais eficientes: "É como enfrentar o problema da obesidade obrigando os fabricantes de roupa a vender tamanhos menores". Ainda em 2004, dizia que híbridos como o Toyota Prius eram apenas uma "curiosidade interessante", bons apenas para "relações públicas". Em vez de concentrar-se no essencial para a sobrevivência da empresa e do planeta, gastou milhões no lobby contra a economia de combustível e o Protocolo de Kyoto e diluiu investimentos na revitalização superficial de treze marcas - Buick, Cadillac, Chevrolet, Daewoo, GMC, Holden, Hummer, Opel, Pontiac, Saab, Saturn, Vauxhall e Wuling. A bem da verdade, abriu mão de uma, a Oldmobile, encerrada em 2004.
Quem quiser ler mais, a Carta Capital está nas bancas por R$ 7,90, e ainda tem outra matéria bastante interessante sobre o cenário para a economia brasileira em 2009.

Gostaria de agradecer aos que já comentaram e estimular a todos que ainda não o fizeram que o façam. Esse aqui é um espaço de discussão sobre o que está acontecendo no mundo com o design. Em breve, novidades aqui no blog.

2 comentários:

Anônimo disse...

O fordismo assim como o liberalismo está dando agora a mesma volta que todo mundo, na verdade, já conhece... A diferença nova me parece ser a possibilidade de que, quando o mundo sair do buraco, os EUA não vão mais estar a frente de todas as grandes decisões...

Ronaldo Porto disse...

Li uma matéria na globo.com de um profeta russo que disse que os EUA vão se dividir em 6 países. Acho dificil, mas acho que as previsões de superação da economia americana pela China serão aceleradas com a Crise. O que resta a saber é quem passa a ditar os rumos da produção? O modelo econômico chines, baseado em uma desregulamentação total do trabalho não vai resistir por mtu tempo, na minha opinião.