6.4.09

Design em Crise

O título indica desgraça - para qualquer um, uma crise é uma desgraça. Remete a certo um rompimento negativo, instaura um clima de caos. Mas não vejamos assim de uma maneira tão negativa. Para designers, a crise pode ser menos pior (ou melhor) do que parece ser, e até melhor do que é de fato para os outros - economistas e administradores que estão dando voltas sem ter certeza de exatamente para onde ir.

A Exame desta semana traz um gráfico pequenino na parte de Gestão & Idéias. Não há nada sobre o gráfico além do que está de fato escrito no curto parágrafo antes dele. Confira abaixo:

O importante é cortar custos, mas nenhuma empresa pode parar de andar pra frente. A pior coisa a se fazer em uma crise é ficar parado esperando a crise passar - ela te arrasta como um furacão arrasta uma casa, ali, estática. É exatamente o que mostra a pesquisa acima. A área em que se planeja fazer menos cortes é justamente a de Pesquisa e Desenvolvimento.

Quando li esta pesquisa, na paz do meu final de semana no campo, lembrei de um artigo do Lincoln Seragini, no site da Rede Design Brasil, que li na sexta-feira, e ia postar aqui essa semana. Ele faz uma análise bem bacana sobre design em tempos de crise. Enumera diversos benefícios que o design pode trazer em um momento como o que estamos vivendo - não vou transcrever, pois recomendo a leitura do artigo completo, mas vou colar a conclusão, que acho que resume bem o artigo.
"Para finalizar, voltando ao tema do artigo, o design gosta de crise porque crise é sinônimo de problemas e oportunidades e o design se dá bem com os dois."
O investimento em desenvolvimento de produtos, de serviços, em pesquisa, tecnologia, em design não vai cessar com a crise. Esta é uma oportunidade ímpar para novos saltos, novas soluções, novas saídas.

E por isso, respondendo ao comentário da Bruna no último post, acredito que, por mais que a venda de produtos sustentáveis tenha caído neste momento imediato após a crise, por serem mais caros, acredito que, quando a venda destes produtos voltar a crescer, crescerá de maneira muito mais estruturada, pois eles representarão muito mais do que a sustentabilidade ambiental e social - esses produtos irão representar um novo momento de consumo, sustentável, responsável, em uma economia real. Acredito sim que eles podem sim ser ícones da retomada do crescimento, tanto nos países desenvolvidos, que precisam de um novo referencial, quanto nos países em desenvolvimento, que precisam se reinventar a cada dia para concorrer com os produtos que vêm de fora e manter suas economias crescendo as altas taxas.

Para terminar, quero agradecer a todo mundo que vem lendo, comentando, enriquecendo esse espaço aqui com argumentos, links, informações novas! Minha intenção aqui não é postar verdades absolutas, mas sim levantar temas que acho que, muitas vezes,
ficam de fora das discussões cotidianas dos designers.

2.4.09

(in)Sustentabilidade

Dando continuação à discussão sobre o preço da sustentabilidade, que começou aqui, com o post dos supercompactos, pulou para outro blog, passou pelo parelelas (grupo de email de alunos e ex-alunos da Esdi), e continuou aqui depois, nos comentários do último post, vou comentar uma matéria que há muito me planejei para comentar, mas acabei esquecendo dela, que ficou perdida em meio ao bolo de revistas bagunçadas no meu quarto.

A matéria saiu no Guia Exame de Sustentabilidade 2008, que ganhou novo nome em 2007, quando sustentabilidade já era o termo da vez no mundo corporativo, mas é o antigo Anuário de Responsabilidade Social da Revista Exame. Vou colar aqui apenas alguns trechos, e recomendo a leitura da matéria completa. Clicando na imagem ao lado, você pode ver os resultados da pesquisa em gráficos, que não estão disponíveis na versão online
O problema é o preço
A maioria dos consumidores se diz preocupada com questões ambientais, mas apenas um terço pagaria mais por um produto ecologicamente correto

(...) O levantamento, realizado em setembro, ouviu 200 moradores da cidade de São Paulo - homens e mulheres com idade entre 20 e 50 anos e renda familiar mensal entre 5 000 e 10 000 reais. De acordo com o levantamento, 74% dos entrevistados consideram-se consumidores preocupados com questões ambientais e 59% afirmam que produtos com apelo ecológico influenciam sua decisão de compra. Apesar das boas intenções, na prática o comportamento desse grupo é outro. A pesquisa revela, por exemplo, que 70% dos entrevistados desistem de comprar produtos com selo ambiental caso eles custem mais do que similares sem a certificação verde. Além disso, 47% dos consumidores afirmam que não deixam de comprar um produto mesmo sabendo que ele é prejudicial à natureza.
(...)
Segundo especialistas, no Brasil a disseminação do consumo consciente depende, sobretudo, do aumento do poder aquisitivo da classe C. "Essa camada da população está encantada com o poder de consumo recém-adquirido", diz Thiago Lopes, gerente de planejamento da agência de publicidade Talent, que acaba de concluir um estudo no qual detectou nesse público certa indiferença em relação ao consumo orientado por valores responsáveis. "Não surte efeito algum falar em sustentabilidade quando o que essas pessoas querem, no momento, é realizar o sonho de ter um carro na garagem", diz Lopes.
Esses dados mostram que, sustentabilidade de fato, no Brasil, ainda é para poucos - seja por que ela dói um pouco mais no bolso, seja porque ainda não há uma consciência coletiva da causa. Porém, logo após, a matéria continua, analisando o mercado potencial para estes produtos:
Apesar da barreira econômica, seria arriscado para qualquer empresa ignorar a parcela de consumidores que seguem a cartilha do consumo responsável - um terço da população entrevistada pela pesquisa do Quorum Brasil. Entre os principais motivos citados por esses consumidores para a compra de produtos com apelo ecológico estão a preservação da natureza e a preocupação com o futuro da próxima geração. "A tendência é que o número de pessoas dispostas a assumir tais valores aumente", diz Heloísa Mello, gerente de operações do Instituto Akatu, organização não-governamental que promove o consumo consciente. Em pesquisa realizada há dois anos, a entidade verificou que 33% dos consumidores brasileiros são conscientes - têm um bom grau de percepção dos impactos coletivos ou de longo prazo em suas decisões de consumo e não se atêm aos aspectos econômicos ou aos benefícios pessoais imediatos.
Na minha opinião, a sustentabilidade e o consumo consciente são de fato o caminho a ser seguido. Ainda mais agora com a crise. A tendência é que as pessoas, que agora não tem mais tanta oferta de crédito para investir em produtos supérfluos, com ciclo de vida reduzido, pararão para pensar um pouco mais antes de fazer suas compras - e a sustentabilidade pode entrar como um grande diferencial nesta escolha.

O desafio para os designers, neste momento, é compensar, no projeto, o custo mais alto que estas matérias primas têm no mercado. Projetos cuja produção seja mais eficiente e que diferenciem-se de seus concorrentes não apenas por serem ecologicamente corretos, mas por terem algum outro valor agregado e preço final competitivo é o objetivo a se atingir.

1.4.09

Esclarecendo

Devido à resposta do blogueiro Anderson Leal ao meu último post no Blog Tá Aquecendo me senti na obrigação de vir aqui prestar um breve esclarecimento.

Não sou contra supercompactos - são sim a solução para o mercado automobilístico. E admiro a indústria automotiva européia, que esta anos a frente da americana no que tange a inovação - tanto que ninguém está falando sobre os problemas da Fiat para sobreviver - e sim da possibilidade desta assumir uma participação significativa na Chrysler.

O fato é que, trazendo estes carros por R$ 60.000, desvia-se do objetivo de ser uma alternativa "às
carroças gigantescas devoradoras de combustível, carros luxuosos com 5 lugares para serem usados 90% das vezes por uma só pessoa" e passam a ser caixinhas luxuosas de 2 lugares. Com um valor absoluto quase 6x maior do que ele custa ao público europeu, o propósito de ser uma alternativa é posto em cheque.

E quanto ao comentário do Anderson sobre "o que chamam de design" - depois de estudar durante alguns anos o assunto e trabalhar na área, tenho cada vez mais certeza que, design, em seu sentido mais amplo, como citei, é uma atitude projetual ampla - e ai dentro está a inovação, a busca por novos combustíveis, novas tecnologias - e não só o apelo visual.

Enquanto design for visto apenas como "deixar as coisas bonitas" - visão predominante entre os executivos Brasileiros - e não como uma ferramenta de projeto capaz de otimizar negócios de todos os tipos - visão predominante dentre executivos do primeiro mundo -, o design e os designers brasileiros continuarão desvalorizados.

Menos é mais...caro

Já dizia um amigo meu - Quanto mais queijo, menos queijo. Ele deve ter lido isso em algum lugar, mas a equação é simples: Quanto mais queijo, mais furos; quanto mais furos, menos queijo; logo, quanto mais queijo, menos queijo. No caso aqui, a equação é um pouco mais difícil de entender. Quanto mais dinheiro, menos carro.

A indústria automobilística vive um momento bastante delicado no mundo inteiro - a aposta em países em desenvolvimento é um consenso entre a grande maioria das montadoras. E não só entre as montadoras. O mundo vira a cara pro BRIC, esperando que deles, saiam coelhos brasileiros, russos, indianos e chineses da cartola!

Sucesso na Europa, os supercompactos estão chegando ao Brasil. Até o fim do ano, os 3 principais modelos do Velho Continente terão representação e venda oficiais em terras tupiniquins. 3 carros, 3 montadoras européias de renome: BMW, Fiat e Mercedes. Vale enfatizar que são européias, pois nos EUA a coisa tá feia! O Salvador Obama falou que por ele, a concordata é a solução para a GM.

A aposta dos 3 modelos é, basicamente, design. Em sua concepção mais geral. Foram carros projetados para ter um forte apelo visual, baixa potência e baixo consumo de combustível. Cumprem a promessa com afinco. Mas valem o que custam?

A Mercedes divulgou esta semana o preço inicial do Smart no Brasil. R$ 57.900 na versão coupé, e R$ 64.900 na cabrio - respectivamente, com teto rígido e conversível. Na França, por exemplo, a versão coupé sai por 9.900 euros (R$ 30.432), já a conversível por 13.450 euros (R$ 41.345). Ignorando a comparação de valor entre as duas moedas, o carro no Brasil sairá por 5.85 vezes mais moedas locais do que custa na Europa.

Será que o design, neste caso, será capaz de agregar tanto valor assim, a ponto de justificar pagar-se aproximadamente R$ 60.000, por um carro 1.0, de apenas dois lugares? Nem mesmo os executivos que estão investindo nessa empreitada têm certeza.

Me parece mais uma atitude desesperada, do que um investimento pensado.

28.3.09

Marketing para Designers

Durante esta semana, tive o prazer de compartilhar alguns conhecimentos sobre Marketing com alunos e ex-alunos da Escola Superior de Desenho Industrial - ESDI, no Rio de Janeiro, durante o workshop Marketing para Designers, que rolou de terça a sexta, na própria escola.

Os "Workshops de Verão 2009" foram organizados pelo Centro Acadêmico Carmen Portinho (CaPo) e formaram um espaço muito bacana de troca de conhecimento de várias áreas do design entre alunos e ex-alunos, ora como palestrantes e oficineiros, ora como aprendizes.

Gostaria de agradecer a todos que de alguma maneira participaram deste processo. Em especial, ao CaPo, à diretoria da ESDI, e a todos que assistiram meu curso. Espero que o breve aprendizado tenha sido valioso, e que ajude de alguma maneira em projetos futuros.

18.3.09

Tamanho sob medida.

Lendo o Globinho, no sábado - sim, o Globinho, aquela parte do jornal que eu lia assim que o jornal chegava para ver os quadrinhos - descobri que este ano o Playmobil comemora 35 anos.

Mais ainda - descobri que os pequenos bonequinhos foram desenhados em um momento de crise do petróleo, em 1974, como alternativa ao preço cada vez mais alto do plástico naquela ocasião. Na verdade, o projetista Hans Beck, responsável pelos projetos da Geobra Brandstätter tinha como missão projetar brinquedos menores do que os feitos pela empresa na época, que economizassem matéria-prima. Eram carrinhos, naves e motos, mas o que de fato virou sucesso foram os seus pilotos com carinhas sorridentes, baseadas em desenhos de crianças.

A partir dai, a história do Playmobil conta inúmeros sucessos. Em 2004 a marca comemorou 30 anos, e atingiu a marca de 1,8 bilhões de unidades vendidas. Arredondando, é como se 30% da população mundial tivesse um Playmobil em mãos. Eu admito só ter dado meus bonecos aos 14 anos, quando fiz minha mudança, e esvaziei meu armário de brinquedos.

Além disso, a marca tem lojas espalhadas por diversos lugares, além de parques temáticos em 5 países. Para muitos, os bonequinhos são ícones da cultura pop dos anos 80. Colecionadores, inclusive no Brasil, gastam milhares aumentando sua coleçao de bonequinhos.

O sucesso do Playmobil mostra a importância do design em momentos de contenção de custos. Buscar alternativas que aproveitem material de maneira mais eficiente, diminuam gastos gerais de produção, e que não percam apelo junto ao público podem ser a solução para os problemas enfretados na crise de hoje.

Atualmente, os bonequinhos não tem mais a forma original que fez deles tão popular. Os modelos sofreram um redesenho e agora tem linhas mais orgânicas, feitas para competir com os brinquedos modernosos de hoje em dia.

Em janeiro útimo, Hans Beck, designer responsável por todo esse sucesso, faleceu na Alemanha.

Fonte: Caderno Globinho - Jornal O Globo / 14 de março de 2009
Foto: Procurei no google e tirei, sem autorização, do blog do designer Marco Moreira. Ele tem um trabalho bem legal, vale a pena dar uma conferida: http://blog.magelstudio.com.br/

16.3.09

Design de vida - paz, amor, superação e determinação.


Estou de volta ao blog, e gostaria, antes de iniciar de fato mais um post sobre design, fazer um breve relato e, de certa forma, um apelo. Estive longe do blog, e de muitas outras coisas pessoais devido a um fato bastante triste, pelo qual ainda me pego chorando de vez em quando.

Há exatamente dois meses, no dia 16 de janeiro, dia do meu aniversário, Victor Muanis foi baleado na cabeça na Lapa. Logo na Lapa, onde nos últimos 5 anos eu estive para frequentar a ESDI, além de inúmeras bebedeiras noturnas, shows e diversão.

Vitinho era meu amigo de infância. Moramos no mesmo prédio desde que nascemos, e muitos dos momentos felizes que curti na minha vida foram ao lado dele. A história da bala perdida ainda não está clara. As suspeitas maiores são de que alguém do prédio que ficava ao lado do bar onde ele estava tenha atirado contra a multidão, e a bala acabou encontrando meu amigo.

Não consigo entender alguém que mira uma arma em direção a um grupo de jovens, em um bairro de maioria jovem, berço da boemia, do smaba, cartão postal do Rio de Janeiro, e que recentemente vinha tornando-se um lugar cada vez mais agradável se se frequentar. Vitinho amava essa cidade, e foi vítima dela.

Não quero aqui clamar por justiça - não acredito nela. Queria pedir para que cada um de vocês que lesse essa mensagem refletisse um pouco sobre tudo que fazemos, e como fazemos, e isso pode ter até a ver com o que projetamos como designers.

Vitinho era uma pessoa extremamente alegre. Estava sempre com um sorriso no rosto. Dificilmente ficava puto com alguma coisa, seja com o que fosse. Ele acordava de madrugada para pegar onda e jamais se atrasava para estar no fundão para cumprir com suas obrigações. Como o diretor da faculdade de engenharia da UFRJ falou no início da colação de grau da turma do Victor, ele foi o primeiro no vestibular, e o melhor aluno durante todo o curso. Por muitas vezes eu quis ser determinado que nem ele, aplicado que nem ele. E quem diria, foi comemorando um 9,5 em seu último projeto na faculdade que ele foi baleado.

Por toda sua vida o Vitinho amou intensamente todos que estavam ao redor dele, buscando sempre o bem. Resistiu com força a perda dolorasa de sua mãe para um câncer que a levou quando tínhamos 18 anos. Nunca desistiu, nunca cambaleou, e continuou com um sorriso no rosto.

Fiz uma promessa para o meu amigo, que espalharia para todos os exemplos de vida que ele deixou - o que ele vivia todo dia: paz, amor, determinação e superação. Gostaria que cada um de nós tentássemos encontrar nestas palavras um jeito de viver de bem com o mundo.

Eu tenho tentado, a cada dia, ser uma pessoa melhor. Me superar, amar mais. Ser menos estressado no trânsito, andando na rua, nas brigas em casa. Estou tentando fazer o meu melhor e seguir o exemplo do meu amigo. E queria deixar esta mensagem para vocês.

Vivam cada dia como se ele fosse o último, mas não deixem de pensar no amanhã. Amem intensamente cada um que estiver ao seu lado - vocês não sabem quando ele partirá, ou mesmo quando vocês partirão. Não deixem de sonhar, e façam dos seus sonhos objetivos. Busquem a paz e o bem nas pequenas ações do dia a dia. Superem-se em tudo que fazem.

Obrigado a todos que leram até o fim! Espero que essas palavras e a vida de meu amigo não sejam vãs, e que possamos viver o que ele nos deixou de melhor: um exemplo de como levar a vida sorrindo.

14.1.09

Persistindo no erro.

Sempre fui fã de carros conceitos, protótipos futuristas, e tudo mais que a indústria automobilística faz para tentar antecipar o futuro, e assim, trazer novidades para os carros de hoje. Além disso, carros conceitos são ótimos posicionadores de marca - eles refletem tudo aquilo que a marca projeta para si mesmo - o que pode ser muito útil para empresas em um mercado onde o nível de concorrência é tão alto.
E é por isso que eu não entendo o que li hoje na Globo.com.

Cadillac WTF tem propulsão nuclear - Conceito com visual de espaçonave se move com tório

Como pode, uma montadora como a Cadillac, que pertence à GM, do meio do inferno astral que esta vive, lançar um carro movido a TÓRIO? Pode ser ignorância minha, mas eu sequer sabia que Tório existia. Mas a matéria esclarece:
O tório é o elemento químico de número 90 e símbolo Th. Você não deve se lembrar dele, não é mesmo? Afinal, sua aplicação é voltada apenas para a indústria bruta e fica distante do nosso dia-a-dia. Encontrado em rochas e no solo, ele é utilizado como elemento de liga para aumentar a resistência mecânica do magnésio em altas temperaturas, além de revestir fios de tungstênio usados em equipamentos eletrônicos.
Ou seja, a montadora que esta quase falida, decide investir em um protótipo que se move com uma substância nuclear, cuja extração, assim como o petróleo, é feita a partir de recursos naturais finitos, ou seja, que vão acabar. Não me surpreenderia se o Senhor Presidente da GM tivesse uma mina de Tório em seu jardim, assim como W. Bush tem poços de petróleo.

Me pergunto: o que será feito com o pacote de dinheiro dos servidores que será despejado nessas empresas para tentar salvar o que sobrou delas? 25 bilhões de dólares, a princípio, é o que pedem para não fecharem as portas agora. Acho que, por mais que estivesse desenvolvido, que fosse guardado em uma garagem e nunca mais mostrado para ninguém. Na minha opnião, a apresentação deste modelo é vergonhosa.

O que mostra para o público, que espera mudanças positivas, um protótipo movido a energia nuclear de uma montadora quase falida que insiste em não fazer avanços em carros com energias limpas e renováveis? Para onde a GM está indo? Este é mais um petróleo? E este carro representa mais uma leva de escolhas erradas?


11.1.09

O barato da vez!

O assunto do momento é mesmo a crise. Não tem como falar de mercado e não falar, de novo, da crise financeira.

Na última edição da revista Exame de 2008, do dia 31/12, ainda nas bancas, foram feitas algumas previsões para 2009, em três áreas principais: idéias, líderes e produtos. Todas são muito interessantes, porém, uma me chamou atenção em especial.

Na seção de idéias, há uma parte que fala exclusivamente do Brasil, e já no fim, é citado um estudo do Banco Votorantim que aponta que o crescimento do volume de empréstimos que chegou a 30% recentemente, deve ficar em apenas um digito no próximo ano. Que o crédito iria diminuir, todos sabíamos, mas uma análise do estudo chama atenção: "A redução dos financiamentos afetará os mercados de produtos de maior valor, como os automóveis".

O interessante é analisar que o mercado de automóveis é afetado justamente porque seus produtos tem um valor alto demais para a maioria dos brasileiros que não podem arcar com estas despesas a vista, porém, mesmo que o nível de desemprego aumente em função da crise, grande parte do mercado consumidor de nosso país continuará comprando.

Com a diminuição dos financiamentos para carros, apartamentos, e outros produtos de valor mais alto, restará ao consumidor saciar sua vontade de comprar com produtos de valor mais baixo, que possam ser pagos a vista, ou parcelados em poucas parcelas nos cartões de créditos.

Esta é a hora de investir em projetos de design que aumentem o valor agregado destes produtos, e reduzam seus custos de produção. O consumidor precisa ter a percepção de que está fazendo um bom investimento, que lhe dê uma satisfação parecida com que ele teria ao pagar as parcelas de seu automóvel, e principalmente, por um preço mais baixo. O volume de venda de produtos mais baratos será importante para que as empresas continuem lucrando e a confiança do consumidor brasileiro na economia aumente após a crise, o que em épocas de especulação conta bastante principamente para investidores estrangeiros.

O uso estratégico do design pode ser vital para as empresas que querem sobreviver durante esta turbulência.

6.1.09

Feliz (?) Ano Novo!

Todo início de ano é tempo de começar e/ou recomeçar. Recomeçar aquela dieta que você parou na ceia de Natal, começar a estudar, adotar novos hábitos no trabalho, organizar melhor a sua mesa, voltar pra academia e tudo mais que a gente promete quando o ano vira, na esperança de que este ano será melhor que o que passou.

2009 promete! Depois de um começo de ano de bonança, 2008 terminou com uma das maiores crises que o mundo já viu. E certamente, ela ainda não acabou. Muitas empresas que viviam de crédito, e que tinham seus produtos voltados, principalmente, para o mercado americano, que também vivia de crédito, ainda terão problemas. E esse é o pior da crise: a instabilidade e imprevisibilidade - ninguém quer arriscar porque ninguém sabe se alguma grande corporação vai amanhã anunciar que não dá mais. E a cada empresa que cair. o caos começa outra vez.

Início de ano é uma época boa também para fazer previsões. Economistas, Cientistas Políticos, Jornalistas Esportivos, a Mãe Dina...todo mundo faz previsão quando o ano começa. Uma loteria sem fim, já que até os mais venerados analistas não foram capazes de prever o caos de 2008.

Como aqui o assunto é design de mercado, vou dar também os meus palpites.

Acho que o produto do ano será o novo celular do Google, o G1 Android - um iPhone de 100 dólares que promete revolucionar o mercado da telefonia americana, ainda mais em tempos de crise. O smartphone da gigante da web promete usabilidade simplificada para todos que estão entre os smartphones executivos (blackberrys, palms e afins) e os smartphones para entretenimento (iphone e afins). Seu preço e a possibilidade de revolucionar mais uma vez a história da Google que agora quer ganhar dinheirto com publicidade toda vez que você atender o telefone - uma nova mídia para os gurus do marketing - podem ser decisivos para que o G1 Android desbanque o iPhone, mesmo sem o mesmo glamour. Acho que ao iPhone caberá o nicho que os computadores da apple tem hoje - aficcionados por tecnologia e segdores da marca.

Outro mercado que pode surpreender na terra do Tio Sam é o automobilistico. Não se sabe exatamente o que acontecerá durante a crise, os pacotes de bilhões de dõlares, os incentivos e a má gestão, mas o fato é que alguém terá que fazer alguma coisa, e embora o desenvolvimento de novos carros e tecnologias levem anos, podemos nos surpreender com a corrida pelo corte de custos e adaptação as novas tendências de mercado - embora a queda de preço do petróleo dê uma sobrevida ao carrões americanos.

No Brasil, acho que mesmo com a crise, manteremos o crescimento. Grandes empresas estão buscando mercados alternativas para escoar sua produção e manterem-se vivas, e os paises do BRIC (Brasil, Russia, India e China) são considerados portos-seguros para elas. Embora os bancos privados não tenham mais dinheiro para ceder crédito, e as taxas de juros de cartões e cheques-especiais já tenha subido, os consumidores continuarão comprando - em menor volume e com mais critério, mas continuarão comprando.

O aquecimento global não vai diminuir com a crise, portanto, investir em sustentabilidade ainda é um bom negócio. Nota-se uma curva crescente desses produtos, e embora eles ainda não sejam os preferidos da grande maioria, já são os queridinhos dos formadores de opinião pública, que querem ter sua imagem atrelada à responsabilidade.

A tendência é que os produtos sustentáveis ganhem o mercado assim que sua escala de produção aumente e seus custos baixem, e embora esses custos sejam mais altos do que os de outros produtos, uma hora teremos que pagar o preço do que fizemos com o planeta.

Para 2009, desejo a todos um feliz ano novo, mesmo que isso seja apenas desejar que a situação mundial melhore e que nossas empresas possam continuar crescendo e investindo em produtos que combinem inteligência e responsabilidade. Acho que essas são as duas principais coisas que devemos utilizar para projetar em 2009 - mais a cabeça e menos a natureza.