14.1.09

Persistindo no erro.

Sempre fui fã de carros conceitos, protótipos futuristas, e tudo mais que a indústria automobilística faz para tentar antecipar o futuro, e assim, trazer novidades para os carros de hoje. Além disso, carros conceitos são ótimos posicionadores de marca - eles refletem tudo aquilo que a marca projeta para si mesmo - o que pode ser muito útil para empresas em um mercado onde o nível de concorrência é tão alto.
E é por isso que eu não entendo o que li hoje na Globo.com.

Cadillac WTF tem propulsão nuclear - Conceito com visual de espaçonave se move com tório

Como pode, uma montadora como a Cadillac, que pertence à GM, do meio do inferno astral que esta vive, lançar um carro movido a TÓRIO? Pode ser ignorância minha, mas eu sequer sabia que Tório existia. Mas a matéria esclarece:
O tório é o elemento químico de número 90 e símbolo Th. Você não deve se lembrar dele, não é mesmo? Afinal, sua aplicação é voltada apenas para a indústria bruta e fica distante do nosso dia-a-dia. Encontrado em rochas e no solo, ele é utilizado como elemento de liga para aumentar a resistência mecânica do magnésio em altas temperaturas, além de revestir fios de tungstênio usados em equipamentos eletrônicos.
Ou seja, a montadora que esta quase falida, decide investir em um protótipo que se move com uma substância nuclear, cuja extração, assim como o petróleo, é feita a partir de recursos naturais finitos, ou seja, que vão acabar. Não me surpreenderia se o Senhor Presidente da GM tivesse uma mina de Tório em seu jardim, assim como W. Bush tem poços de petróleo.

Me pergunto: o que será feito com o pacote de dinheiro dos servidores que será despejado nessas empresas para tentar salvar o que sobrou delas? 25 bilhões de dólares, a princípio, é o que pedem para não fecharem as portas agora. Acho que, por mais que estivesse desenvolvido, que fosse guardado em uma garagem e nunca mais mostrado para ninguém. Na minha opnião, a apresentação deste modelo é vergonhosa.

O que mostra para o público, que espera mudanças positivas, um protótipo movido a energia nuclear de uma montadora quase falida que insiste em não fazer avanços em carros com energias limpas e renováveis? Para onde a GM está indo? Este é mais um petróleo? E este carro representa mais uma leva de escolhas erradas?


11.1.09

O barato da vez!

O assunto do momento é mesmo a crise. Não tem como falar de mercado e não falar, de novo, da crise financeira.

Na última edição da revista Exame de 2008, do dia 31/12, ainda nas bancas, foram feitas algumas previsões para 2009, em três áreas principais: idéias, líderes e produtos. Todas são muito interessantes, porém, uma me chamou atenção em especial.

Na seção de idéias, há uma parte que fala exclusivamente do Brasil, e já no fim, é citado um estudo do Banco Votorantim que aponta que o crescimento do volume de empréstimos que chegou a 30% recentemente, deve ficar em apenas um digito no próximo ano. Que o crédito iria diminuir, todos sabíamos, mas uma análise do estudo chama atenção: "A redução dos financiamentos afetará os mercados de produtos de maior valor, como os automóveis".

O interessante é analisar que o mercado de automóveis é afetado justamente porque seus produtos tem um valor alto demais para a maioria dos brasileiros que não podem arcar com estas despesas a vista, porém, mesmo que o nível de desemprego aumente em função da crise, grande parte do mercado consumidor de nosso país continuará comprando.

Com a diminuição dos financiamentos para carros, apartamentos, e outros produtos de valor mais alto, restará ao consumidor saciar sua vontade de comprar com produtos de valor mais baixo, que possam ser pagos a vista, ou parcelados em poucas parcelas nos cartões de créditos.

Esta é a hora de investir em projetos de design que aumentem o valor agregado destes produtos, e reduzam seus custos de produção. O consumidor precisa ter a percepção de que está fazendo um bom investimento, que lhe dê uma satisfação parecida com que ele teria ao pagar as parcelas de seu automóvel, e principalmente, por um preço mais baixo. O volume de venda de produtos mais baratos será importante para que as empresas continuem lucrando e a confiança do consumidor brasileiro na economia aumente após a crise, o que em épocas de especulação conta bastante principamente para investidores estrangeiros.

O uso estratégico do design pode ser vital para as empresas que querem sobreviver durante esta turbulência.

6.1.09

Feliz (?) Ano Novo!

Todo início de ano é tempo de começar e/ou recomeçar. Recomeçar aquela dieta que você parou na ceia de Natal, começar a estudar, adotar novos hábitos no trabalho, organizar melhor a sua mesa, voltar pra academia e tudo mais que a gente promete quando o ano vira, na esperança de que este ano será melhor que o que passou.

2009 promete! Depois de um começo de ano de bonança, 2008 terminou com uma das maiores crises que o mundo já viu. E certamente, ela ainda não acabou. Muitas empresas que viviam de crédito, e que tinham seus produtos voltados, principalmente, para o mercado americano, que também vivia de crédito, ainda terão problemas. E esse é o pior da crise: a instabilidade e imprevisibilidade - ninguém quer arriscar porque ninguém sabe se alguma grande corporação vai amanhã anunciar que não dá mais. E a cada empresa que cair. o caos começa outra vez.

Início de ano é uma época boa também para fazer previsões. Economistas, Cientistas Políticos, Jornalistas Esportivos, a Mãe Dina...todo mundo faz previsão quando o ano começa. Uma loteria sem fim, já que até os mais venerados analistas não foram capazes de prever o caos de 2008.

Como aqui o assunto é design de mercado, vou dar também os meus palpites.

Acho que o produto do ano será o novo celular do Google, o G1 Android - um iPhone de 100 dólares que promete revolucionar o mercado da telefonia americana, ainda mais em tempos de crise. O smartphone da gigante da web promete usabilidade simplificada para todos que estão entre os smartphones executivos (blackberrys, palms e afins) e os smartphones para entretenimento (iphone e afins). Seu preço e a possibilidade de revolucionar mais uma vez a história da Google que agora quer ganhar dinheirto com publicidade toda vez que você atender o telefone - uma nova mídia para os gurus do marketing - podem ser decisivos para que o G1 Android desbanque o iPhone, mesmo sem o mesmo glamour. Acho que ao iPhone caberá o nicho que os computadores da apple tem hoje - aficcionados por tecnologia e segdores da marca.

Outro mercado que pode surpreender na terra do Tio Sam é o automobilistico. Não se sabe exatamente o que acontecerá durante a crise, os pacotes de bilhões de dõlares, os incentivos e a má gestão, mas o fato é que alguém terá que fazer alguma coisa, e embora o desenvolvimento de novos carros e tecnologias levem anos, podemos nos surpreender com a corrida pelo corte de custos e adaptação as novas tendências de mercado - embora a queda de preço do petróleo dê uma sobrevida ao carrões americanos.

No Brasil, acho que mesmo com a crise, manteremos o crescimento. Grandes empresas estão buscando mercados alternativas para escoar sua produção e manterem-se vivas, e os paises do BRIC (Brasil, Russia, India e China) são considerados portos-seguros para elas. Embora os bancos privados não tenham mais dinheiro para ceder crédito, e as taxas de juros de cartões e cheques-especiais já tenha subido, os consumidores continuarão comprando - em menor volume e com mais critério, mas continuarão comprando.

O aquecimento global não vai diminuir com a crise, portanto, investir em sustentabilidade ainda é um bom negócio. Nota-se uma curva crescente desses produtos, e embora eles ainda não sejam os preferidos da grande maioria, já são os queridinhos dos formadores de opinião pública, que querem ter sua imagem atrelada à responsabilidade.

A tendência é que os produtos sustentáveis ganhem o mercado assim que sua escala de produção aumente e seus custos baixem, e embora esses custos sejam mais altos do que os de outros produtos, uma hora teremos que pagar o preço do que fizemos com o planeta.

Para 2009, desejo a todos um feliz ano novo, mesmo que isso seja apenas desejar que a situação mundial melhore e que nossas empresas possam continuar crescendo e investindo em produtos que combinem inteligência e responsabilidade. Acho que essas são as duas principais coisas que devemos utilizar para projetar em 2009 - mais a cabeça e menos a natureza.