25.11.08

Nove Zeros e uma nova chance para apagar os erros do passado.

Semana passada eu fiquei um pouco enrolado, mas to de volta aqui, para complementar um assunto que ainda tá rolando na imprensa, nas conversas, e que pode mudar muita coisa no mundo para os designers.

Postei aqui sobre a dificuldade que estão passando as montadoras com a crise econômica. Recebi alguns alertas de que, em hora nenhuma citei a crise como causa dessa quase falência - e foi de propósito mesmo.

No link abaixo, notícia do site do G1, podemos ler sofre a dificuldade das montadoras de aprovar junto ao congresso o pacote de 25 bilhões de dólares (U$ 25.000.000.000,00 - muito zero) que pode salvá-las da iminente falência.
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL867244-5602,00-MONTADORAS+DOS+EUA+PEDEM+A+SENADORES+APROVACAO+DE+SOCORRO.html
É evidente que as crises nas montadoras são exponencializadas pelo literal calote dos americanos, que não pagam mais nada. Tudo lá é na base do crédito, do leasing, e não é diferente com os carros. Porém, já faz tempo que, por exemplo, a GM, tem problemas para vender carro nos EUA, e suas vendas despencam vertiginosamente, e por isso o congresso americano reluta em liberar o dinheiro, afinal, já estava claro que tinha algo errado ali. Em abril do ano passado a Toyota superou a GM em vendas e tornou-se a maior do mundo. Veja o link abaixo.
http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL26107-9356,00.html
Para achar esse link, procurei na Globo.com "toyota maior montadora do mundo" e achei também uma reportagem de dezembro de 2006 sobre quando ela ainda estava prestes a superar as americanas, segue um trecho:

À medida que companhias japonesas conquistam clientes internacionais com carros considerados seguros, acessíveis e eficientes em termos de consumo de combustível, as rivais norte-americanas GM e Ford Motor tentam evitar perda de participação de mercado, fecham fábricas e eliminam milhares de empregos.

Os preços em disparada dos combustíveis atingiram o coração de Detroit na forma de consumidores trocando grandes jipes e veículos utilitários esportivos por carros produzidos por empresas japonesas e da Coréia do Sul.

Perguntado sobre a possibilidade da Toyota superar a GM em 2007, ano que a montadora completa seu 70o aniversário, o presidente da empresa, Katsuaki Watanabe afirmou: "Isso será meramente um resultado, não um objetivo".

"O importante é ser líder na produção de carros e isso é feito melhorando os produtos", disse o executivo em entrevista de fim de ano.

Por meio de produtos de sucesso como o Camry, o Yaris e o híbrido Prius, a Toyota superou o Chrysler Group nos Estados Unidos e deve superar a Ford no ano que vem, diz a empresa de pesquisa de mercado Edmunds.com.

Ou seja, fica evidente que as empresas americanas tiveram problemas sérios de gestão ao deixar seus concorrentes japoneses e coreanos se aproximarem demais. Problemas graves na escolha de seus produtos e na produção dos mesmos com custos fora de mercado - e isso muito tem a ver com design também - afinal, durante um projeto, tudo deve ser pensado, inclusive os custos do projeto para viabilização do produto.

Caso esse pacote não saia, empresas que durante o último século tiveram muito a ver com o crescimento do design, de várias tecnologias que beneficiaram o mundo, e até mesmo do avanço da produção industrial moderna, serão reduzidas a pó - aos livros de história - e quando alguém aprender Fordismo na escola saberá que foi iniciado por um homem que fundou uma empresa que faliu na Crise Mundial de 2008 e que dizia que você podia ter o carro que você quisesse, desde que ele fosse um Ford T Preto.

Porém, não precisamos torcer. O fato é que elas não vão falir. Se o Bush não aprovar o Pacote, o Messianico Obama vai aprovar, ele mesmo já falou. Veremos então o que mudará nelas daqui pra frente. Espero que tenham aprendido, assim como todos pudemos aprender.

3 comentários:

Anônimo disse...

Isso aí. Só num vejo como A solução injetar bilhões nos cofres de quem não soube cuidar dos mesmos, ou, foi pego de calças arriadas por esta(crise que só serviu pros banqueiros ficarem mais ricos alegando, possível quebra). Pra mim dexa td se f... mesmo. Assim os japonas q um dia inventaram um jeito de se produzir, bem mais "design", tomam conta do mercado com veiculos e produtos mais adequados a nossa situação atual. Claro que a GM, a Ford,a Chrysler e compania deixariam um buraco ferrado, mas...Pra mim já era, vão pegar o dindin, garantir a aposentadoria (e que aposentadoria amigo) e deixar a galera a ver "Navigators" ¬¬'

Anônimo disse...

A solução pode começar na injeção de dinheiro, é claro! Assim como podemos tocar qualquer negócio com um empréstimo. Resta saber qual vai ser a próxima estratégia das mesmas. Será que vão apostar nas mesmas fichas de sempre? Como dito aqui, carros de padrões americanos, grandes, que consomem gasolina à rodo, ou será que andaremos em direção às novas tecnologias? Será que aproveitaremos o que já existe por aí há muito tempo? Será que finalmente as grandes companhias irão se preocupar com o que realmente importa, o meio ambiente, e racionalizarão não só suas linhas de produção, mas todo o projeto do carro, inclusive do seu tanquezinho de combustível... Esperamos, as lições da crise podem ser as melhores possível! Bom, é a opinião dum otimista...

Ronaldo Porto disse...

O ponto principal discutido não é se é eficiente ou não despejar dinheiro dos contribuintes nessas empresas - estimativas apontam que elas gerem milhões de empregos diretos e indiretos só nos EUA - e a quebra de qualquer uma das três empresas - GM, Ford e Chrysler - pode representar um caos ainda maior por lá.

A questão é: será que com essa injeção, elas vão voltar a ser competitivas - afinal, os problemas são claramente ligados a gestão de produtos, produção e custos fixos como altos salários, previdências privadas e planos de saúde.

O desenvolvimento de novos produtos, adequados a uma nova realidade, gastaria tempo e dinheiro que foram desperdiçados no desenvolvimento de SUVs que consomem uma quantidade desnecessária de combustível.

Não podemos esquecer que esses mesmos americanos se mostraram contrários ao Protocolo de Kyoto pois isso diminuiria a sua produção industrial - o próprio Vice Presidente de Desenvolvimento de Produtos da GM disse em seu blog que a teroia do aquecimento global nao passa de "um pote de merda"* - e agora eles estão pagando com seus próprios empregos.

Será que os EUA passaram a se preocupar com o resto do mundo agora que precisam se preocupar com eles?

* Fonte - Carta Capital 26/11/2008